Catorze anos sem aumento real, piso que é teto, empregadores que dizem estar em inverossímeis prejuízos ano a ano e nem pensam em conceder qualquer reajuste acima da inflação se não for para confiscar de outro lado um direito já consolidado. Tudo isso enquanto todos os demais trabalhadores estão tendo aumentos reais e a economia cresce em ótimo ritmo.
Este quadro causa estranheza a qualquer um que o veja. Não foi diferente com a servidora do Ministério do Trabalho Hilda Oliveira, que, mediando a mesa-redonda entre os jornalistas do Paraná e os patrões hoje à tarde, em Curitiba, ficou surpresa com a intransigência dos empregadores da imprensa em sequer discutir uma elevação dos salários dos jornalistas além da inflação, conforme a posição expressa há mais de um mês e que permanece sem alteração.
Embora não apresentem qualquer planilha de custos, os patrões alegam que estão em constante prejuízo, contrariando tudo o que diz o Projeto Intermeios, o mais completo levantamento de faturamento da mídia no país, que aponta crescimento ano a ano da renda publicitária.
Na negociação de hoje, os representantes patronais voltaram a trazer o argumento furado de que o nosso piso é o maior do Brasil. Não apenas não é mais (é inferior ao de Alagoas), como também nosso salário médio é o sexto do país (cerca de 40% superior ao piso, o que revela a pouca progressão na carreira) e abaixo do salário mínimo necessário, calculado pelo Dieese.
"Tudo o que poderíamos ceder como categoria profissional nos últimos anos já cedemos, o que é fundamental agora é o reconhecimento das empresas de que os jornalistas são os responsáveis pelo crescimento delas", disse o presidente do Sindijor, Márcio Rodrigues, ao lembrar que o momento mais propício para este reconhecimento é o de economia aquecida.
Informada de que em uma década e meia, praticamente metade dos postos de trabalho foram cortados, sem que isto tenha implicado uma redução da produção, Hilda Oliveira disse que o acúmulo natural de trabalho daí resultante por si já justifica a conquista pelos jornalistas do Paraná de algo a mais que a simples reposição da inflação.
A mediadora também ficou surpresa ao ser informada de que a única proposta para aumento real só surgiu este ano e ainda condicionada à perda do anuênio. Com um agravante: o anuênio é a única forma de progressão salarial dentro de uma empresa, já que nenhum empregador do Paraná possui plano de cargos e salários.
Por fim, ficou definida uma nova rodada de negociação provavelmente na segunda quinzena do mês de janeiro. Até a conclusão das negociações da nova convenção, a CCT 2009/2010, que teria efeitos até 30 de setembro, continua valendo, conforme compromisso firmado hoje. Com a garantia da data-base, os efeitos da nova convenção, quando firmada, retroagem a 1º de outubro de 2010.
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