quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Gazeta do Iguaçu demite jornalistas que protestaram contra atraso salarial

Quase dois meses após a paralisação dos funcionários de A Gazeta do Iguaçu, a empresa de Foz Iguaçu vai demitir jornalistas que participaram do protesto. A direção do jornal confirmou hoje (11) a dispensa de pelo menos três profissionais que integraram o movimento, ocorrido no fim de 2009.

O manifesto foi deflagrado em 16 de dezembro por causa dos consecutivos atrasos no pagamento dos salários e da segunda parcela do décimo terceiro. Dos 16 trabalhadores da redação, 12 aderiram à parada, denunciando o descontentamento de repórteres, revisores e de um fotojornalista em relação ao descaso por parte do veículo de comunicação.

À época, não apenas os jornalistas, mas os demais profissionais — cerca de 50 — vinham enfrentando transtornos como contas bancárias "estouradas", pagamentos atrasados de prestações, com o acúmulo de juros e multas, e até corte de serviços básicos, como luz e água, entre outros.

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná repudia veementemente as demissões — que devem aumentar como anunciou a própria empresa. As retaliações demonstram a contradição da direção de A Gazeta do Iguaçu, que garantiu, à época, respeitar o direito de protesto dos trabalhadores.

Procurada pelo sindicato nesta quinta-feira, a empresa comunicou que "as demissões não são consequência do protesto". Argumentou que "analisa medidas para equilibrar o caixa desde o ano passado" e que "não pode mais segurar as demissões que estavam programadas para ocorrer em 2009".

Por fim, informou que os desligamentos não estariam restritos aos trabalhadores que aderiram ao protesto. As dispensas iriam atingir outros setores da empresa nos próximos dias, portanto não poderiam ser vinculadas à paralisação de dezembro, justificou.

O sindicato repudia essa "estranha coincidência": pouco tempo após o protesto, a empresa corta gastos para equilibrar as finanças. O Sindijor renega ainda o "critério" para determinar os cortes: dispensar os funcionários com menos tempo de redação.

Além disso, o sindicato denuncia outra arbitrariedade cometida esta semana pela empresa: dar férias para uma funcionária como forma de retaliação por falha cometida na execução do seu trabalho. As férias foram dadas horas depois do erro da profissional, que não planejava usufruir o recesso agora em fevereiro.

O Sindijor está acompanhando os desdobramentos da paralisação de dezembro e vai combater o descumprimento dos artigos da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) e da CCT (Convenção Coletiva de Trabalho) que garantem direitos aos trabalhadores, como o recebimento de horas extras e a defesa contra o assédio moral.
 
(Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná)

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