segunda-feira, 23 de julho de 2012

Jornalista com qualidade de vida: um desafio para a coletividade


Editorial do Extra Pauta (julho).

A nova gestão do Sindijor assume com uma série de desafios que já fazem parte do cotidiano de qualquer sindicato de jornalistas do país. Em boa parte, trata-se de problemas decorrentes da própria condição do mercado que impõe a necessidade constante de competitividade tanto entre empresas como entre trabalhadores.

Esta não é uma condição exclusiva do ramo da comunicação, onde as perspectivas para os novos e experientes jornalistas estão cada vez mais nebulosas. Trata-se de uma conjuntura que se aplica a todos os setores da classe trabalhadora por meio do rebaixamento das condições de  trabalho, de direitos e da qualidade de vida.

O resultado pode ser percebido no contínuo processo de precarização marcado pela intensificação do trabalho, metas pelo aumento da produtividade, pela multifunção e pela desvalorização dos saberes profissionais. Ao mesmo tempo, verifica-se uma tensão dos empregadores no sentido tornar obsoletos os direitos previstos em convenções, acordos ou leis. É a extensão da jornada de trabalho, o banco de horas, o achatamento dos salários, transformando o piso em teto, os desvios de função, entre outras exigências alimentadas pelo receio de perda do emprego e que, aos poucos, vêm sendo naturalizadas na prática do jornalismo.

Mas não se pode esquecer que o jornalismo é feito por pessoas e que, em condições inapropriadas, estão sujeitas aos riscos de doenças decorrentes do trabalho precarizado.É o que traz o jornal Extra Pauta deste mês, como matéria especial, tratando do caso dos repórteres cinematográficos Alcionir e Geremias. Os casos ilustram a realidade de profissionais que são expostos a dura rotina que se transforma em uma verdadeira “máquina de moer carne”, causando sequelas que serão carregadas para o resto da vida.

O risco à integridade ou à saúde, seja ela física ou mental, é uma condição própria da profissão de jornalista. A questão a ser respondida é qual o grau de exposição que a categoria está disposta a aceitar. O fato é que este é um prejuízo que os empregadores não estão dispostos a arcar, porque não está calculado no pagamento dos salários ou na cobrança por produtividade com qualidade. É por isso que precisamos retomar os argumentos que justificam anecessidade de condições especiais para os jornalistas ou, mais especificamente, uma jornada de trabalho de 5 horas diárias e não 6, 8 ou 10 horas por dia.

Nesta primeira edição do jornal, editado pela gestão “Juntos somos mais fortes”, queremos reafirmar nosso compromisso por um sindicalismo em defesa dos interesses da categoria. Acreditamos que isto passa pela construção de uma organização de caráter classista e que é desta forma que poderemos avançar rumo à valorização profissional e na defesa da qualidade de vida de quem realmente faz o jornalismo paranaense.

Aos empregadores, afirmamos que este é o nosso “cartão  de visitas”. Aos jornalistas paranaenses, fazemos o convite para participarem das atividades do seu sindicato,sugerir, debater e se integrar a uma luta coletiva, pois é juntos que somos mais fortes!

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