Professor da Unicamp revela radiografia da saúde de jornalistas
"Vivendo no limite: quem são nossos formadores de opinião?" foi o tema do Ciclo de Debates Sindjorce, realizado na última terça-feira (17). O Sindicato dos Jornalistas do Ceará (SindBar), com apoio do Sindicato dos Trabalhadores nos Correios do Ceará, o evento teve como convidado especial o psicólogo Roberto Heloani (foto), professor da Faculdade de Educação da Unicamp, da FGV e da Unimarco.Heloani apresentou sua pesquisa que revela uma radiografia dramática da saúde física e mental dos jornalistas brasileiros. "A experiência clínica nos leva a supor que o estresse nesta área advém, sobretudo, do trabalho que faz do jornalismo uma profissão de risco e também de morte precoce", afirma.
"Parte significativa desses profissionais (jornalistas) não alcança sequer a aposentadoria. Ademais, a partir da implantação de novas tecnologias nas redações nacionais, os usuários - jornalistas em sua maioria - se vêem cada vez mais diante dos Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT). Tais perspectivas, portanto, consideram, respectivamente, a existência de uma relação negativa entre trabalho e saúde mental e entre modos de gestão e saúde em geral", conclui Roberto Heloani.
Realizado conjuntamente pelos Departamentos de Jornalistas de Imagem e Aposentados do Sindjorce, em parceria com a FENAJ, o Ciclo de Debates faz parte do calendário de pré-encontros promovidos para discutir o programa científico do I Encontro Estadual dos Jornalistas de Imagem (EJIC), que será realizado em Fortaleza no dia 1º de setembro, em comemoração ao Dia Nacional do Repórter Fotográfico, celebrado em 2 de setembro.
Situação no Ceará
Pesquisa realizada pelo Sindjorce, em 2010, nas redações do Diário do Nordeste, O Povo e O Estado, constatou que 61,39% dos trabalhadores apresentavam problemas de saúde. Dores nas costas, pescoço e articulações lideravam o ranking. Logo depois, apareciam estresse, ansiedade, problemas de visão, dores nos braços, pernas e articulações, dores de cabeça, depressão e palpitações.
"O jornalista, assim como outros profissionais, tem uma rotina de vida sacrificada por conta do trabalho. Plantões, pautas insalubres (do ponto de vista físico e emocional) e locais de trabalho com estrutura inadequada (iluminação, computadores) são alguns fatores que contribuem para o estresse", avalia Samira de Castro, presidente em exercício do Sindjorce.
No entanto, Samira acrescenta que a recompensa financeira insatisfatória é apontada como uma das queixas mais comuns da categoria. "O trabalhador não vê o resultado do seu empenho laboral refletido no contracheque, ou em ganhos sociais, e cai numa rotina de desânimo e sofrimento psíquico", afirma.
(Sindjorce)
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